Acima apenas Algarobas. Sim, uma árvore comum, muito presente no Nordeste em função de sua utilização para a alimentação dos animais em períodos de estiagem.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
A coragem de ser parcial
Faz três anos que uma matéria de uma jornalista no site Comunique-se (leitura obrigatória para os profissonais da comunicação) me despertou a atenção. Primeiro, apenas com título, houve uma identificação imediata. Após a leitura do texto, percebi o quão perigosa e injusta é a composição das palavras "jornalismo imparcial". Ora, o paradoxo da imparcialidade se resume à hipocrisia recheada de falsos conceitos. Desde de muito cedo percebi a diferença entre o jornalismo verdadeiro, que se traduz no ato de reportar, de informar fatos, acontecimentos, e o jornalismo mascarado, que esconde suas intenções desonestas por trás do véu da "imparcialidade". Aliás, é importante destacar que toda produção humana possui, na sua essência, a visão, o estilo ou qualquer outra característica intrínseca ao autor. É fato e é natural. Cabe apenas a utilização do bom senso e da ética para não haver a distorção dos fatos que, vez ou outra, desprestigia a nossa classe perante o nosso maior bem: o público.
Bom, não quero falar muito, quero apenas apresentar a vocês esse texto que é da admirável Elaine Tavares - e se é de pessoas como Urda que o mundo precisa, então aqui estou neste espaço, entregando "ao mundo" as minhas idéias, as minhas convicções.
Elaine Tavares (*)
"E então é assim pessoal. Ó, presta a atenção! Quando tu és uma jornalista e tens uma posição clara, que tu fazes questão de deixar clara - para que teus leitores saibam de onde tu estás falando, de que lugar epistemológico, de que espaço geográfico, de que postura política - é porque tu és parcial. É porque tu és uma péssima profissional, que não aprendeu nas escolas de jornalismo que é preciso ser “neutra e imparcial”. E aí chovem as críticas, feitas inclusive, pasmem (!?) por professores de jornalismo. Gente que, não sem interesses determinados e também parciais, insistem nesses conceitos impostores. E pior, há veículos de imprensa que, se apresentando à sociedade como “neutros e imparciais”, calam, censuram e impedem que vozes parciais, honestas, corajosas e verdadeiramente anti-sistêmicas, possam circular.
É um paradoxo!! Mas, facilmente entendível. Estou falando do que aconteceu com a escritora Urda Klueger, cronista do jornal Diário Catarinense, em Florianópolis, Santa Catarina. Ela não é jornalista, mas ocupava uma coluna no jornal, justamente uma coluna de opinião, onde, supostamente, ela poderia falar a sua opinião. Os leitores, que não são ignorantes, sabem que, historicamente, uma coluna de opinião é, obviamente, de opinião. Pois ela, dia desses, decidiu falar sobre o massacre, o genocídio, a que está submetido o povo palestino. Contou uma história, falou seu pensar.
Como todo texto polêmico, esse recebeu uma carta de uma leitora, Heloísa Herscovitz, professora do Cursos de Jornalismo da UFSC, praticamente dizendo que ela não poderia externar seu pensamento daquela forma, acusando-a de anti-semitismo e ignorância. A carta foi publicada e Urda voltou a falar do tema na sua coluna, exercendo seu direito ao debate livre e libertário. Pois, essa única carta, provocou uma revolução dentro do jornal e a escritora foi “orientada” a não falar mais sobre o assunto “palestinos”. Coisa estranha, né? Só que a Urda nunca foi mulher de agir como cordeiro. Ela disse não! Ela tinha feito um acerto com o jornal de que escreveria o que escreve, carregada de suas convicções. Não iria contemporizar agora. Urda preferiu mandar às favas o DC a abrir mão de seus princípios.
Urda é mulher guerreira, de Blumenau, que desde menininha aprendeu a ver o mundo a partir da vítima. Urda tem a coragem de falar dos negros, dos pobres, dos desgraçados, dos malditos, dos que estão à margem. Urda não se limita a falar de festas, de feijoadas, das viagens da senhora ninguém, que tem gordas contas bancárias. Urda tem idéias, tem princípios, tem sonhos de mundo digno. Urda caminha com os excluídos, com os desvalidos. Urda comunga com eles. Urda fala deles, com eles. Urda é uma dessas loucas, mariazinhas do passo errado, que, quando todos seguem pelo caminho do rebanho, desvia, questiona, subverte.
Urda foi censurada, calada no direito de dizer sua palavra. Urda foi punida por falar do massacre, da vergonha, do terrorismo do Estado de Israel. Na tal carta, a professora de jornalismo diz que Urda não falou dos terroristas que matam pessoas, que só olha um determinado lado. É, Urda, esquecestes mesmo de falar dos homens e mulheres-bomba, que se imolam porque entendem que, às vezes, é melhor morrer que viver na dor. Mas Urda não esqueceu de falar que os palestinos se defendem. Que os palestinos lutam com pedras e estraçalham seus corpos numa desesperada reação. Enquanto Israel ataca com canhões e toda a sorte de armamento de última geração, patrocinado pelos Estados Unidos. Diz a professora, que escreveu para o DC criticando a Urda, que Israel não tem petróleo, por isso, dizer que os EUA têm algo a ver com isso, é bobagem de teorias conspiratórias. A colega não sabe que Israel é a porta de entrada do Oriente Médio? Que ocupa um papel estratégico naquela região? Uma boa jornalista deveria conhecer a geopolítica, mas, enfim... talvez ela seja neutra demais, imparcial demais...
Já Urda, essa louca, sabe. E tem posição sobre isso. Jamais se esconderia por trás de uma capa de neutralidade porque sabe, também, que nada é neutro, nem o sabão OMO. O fato é que foi calada, como são calados todos aqueles que, a despeito de tudo, gritam que o rei está nu. Está certo. As pessoas podem fingir não ver, as pessoas podem acreditar no que quiserem... mas os que vêem não podem ignorar. Urda vê e diz. E que bom que seja assim. Tu que lês o que Urda vê, sabe o que ela defende. Podes discordar até. Agora, e o DC, que se diz neutro, imparcial e democrático? Ele diz que é assim, mas censura, impede a fala, demite. Em quem é melhor a gente confiar? Nos que não escondem sua parcialidade, os que sabemos muito bem o que pensam e no que acreditam ou nos que fingem imparcialidade? É, a gente sabe em quem confiar.
Pois agora é hora de a gente se solidarizar com Urda e dizer a ela que siga firme, com suas convicções, seus princípios, seu compromisso de estar com as vítimas. É de gente assim que precisamos no mundo."
(*) Jornalista
6/23/2004
Bom, não quero falar muito, quero apenas apresentar a vocês esse texto que é da admirável Elaine Tavares - e se é de pessoas como Urda que o mundo precisa, então aqui estou neste espaço, entregando "ao mundo" as minhas idéias, as minhas convicções.
Elaine Tavares (*)
"E então é assim pessoal. Ó, presta a atenção! Quando tu és uma jornalista e tens uma posição clara, que tu fazes questão de deixar clara - para que teus leitores saibam de onde tu estás falando, de que lugar epistemológico, de que espaço geográfico, de que postura política - é porque tu és parcial. É porque tu és uma péssima profissional, que não aprendeu nas escolas de jornalismo que é preciso ser “neutra e imparcial”. E aí chovem as críticas, feitas inclusive, pasmem (!?) por professores de jornalismo. Gente que, não sem interesses determinados e também parciais, insistem nesses conceitos impostores. E pior, há veículos de imprensa que, se apresentando à sociedade como “neutros e imparciais”, calam, censuram e impedem que vozes parciais, honestas, corajosas e verdadeiramente anti-sistêmicas, possam circular.
É um paradoxo!! Mas, facilmente entendível. Estou falando do que aconteceu com a escritora Urda Klueger, cronista do jornal Diário Catarinense, em Florianópolis, Santa Catarina. Ela não é jornalista, mas ocupava uma coluna no jornal, justamente uma coluna de opinião, onde, supostamente, ela poderia falar a sua opinião. Os leitores, que não são ignorantes, sabem que, historicamente, uma coluna de opinião é, obviamente, de opinião. Pois ela, dia desses, decidiu falar sobre o massacre, o genocídio, a que está submetido o povo palestino. Contou uma história, falou seu pensar.
Como todo texto polêmico, esse recebeu uma carta de uma leitora, Heloísa Herscovitz, professora do Cursos de Jornalismo da UFSC, praticamente dizendo que ela não poderia externar seu pensamento daquela forma, acusando-a de anti-semitismo e ignorância. A carta foi publicada e Urda voltou a falar do tema na sua coluna, exercendo seu direito ao debate livre e libertário. Pois, essa única carta, provocou uma revolução dentro do jornal e a escritora foi “orientada” a não falar mais sobre o assunto “palestinos”. Coisa estranha, né? Só que a Urda nunca foi mulher de agir como cordeiro. Ela disse não! Ela tinha feito um acerto com o jornal de que escreveria o que escreve, carregada de suas convicções. Não iria contemporizar agora. Urda preferiu mandar às favas o DC a abrir mão de seus princípios.
Urda é mulher guerreira, de Blumenau, que desde menininha aprendeu a ver o mundo a partir da vítima. Urda tem a coragem de falar dos negros, dos pobres, dos desgraçados, dos malditos, dos que estão à margem. Urda não se limita a falar de festas, de feijoadas, das viagens da senhora ninguém, que tem gordas contas bancárias. Urda tem idéias, tem princípios, tem sonhos de mundo digno. Urda caminha com os excluídos, com os desvalidos. Urda comunga com eles. Urda fala deles, com eles. Urda é uma dessas loucas, mariazinhas do passo errado, que, quando todos seguem pelo caminho do rebanho, desvia, questiona, subverte.
Urda foi censurada, calada no direito de dizer sua palavra. Urda foi punida por falar do massacre, da vergonha, do terrorismo do Estado de Israel. Na tal carta, a professora de jornalismo diz que Urda não falou dos terroristas que matam pessoas, que só olha um determinado lado. É, Urda, esquecestes mesmo de falar dos homens e mulheres-bomba, que se imolam porque entendem que, às vezes, é melhor morrer que viver na dor. Mas Urda não esqueceu de falar que os palestinos se defendem. Que os palestinos lutam com pedras e estraçalham seus corpos numa desesperada reação. Enquanto Israel ataca com canhões e toda a sorte de armamento de última geração, patrocinado pelos Estados Unidos. Diz a professora, que escreveu para o DC criticando a Urda, que Israel não tem petróleo, por isso, dizer que os EUA têm algo a ver com isso, é bobagem de teorias conspiratórias. A colega não sabe que Israel é a porta de entrada do Oriente Médio? Que ocupa um papel estratégico naquela região? Uma boa jornalista deveria conhecer a geopolítica, mas, enfim... talvez ela seja neutra demais, imparcial demais...
Já Urda, essa louca, sabe. E tem posição sobre isso. Jamais se esconderia por trás de uma capa de neutralidade porque sabe, também, que nada é neutro, nem o sabão OMO. O fato é que foi calada, como são calados todos aqueles que, a despeito de tudo, gritam que o rei está nu. Está certo. As pessoas podem fingir não ver, as pessoas podem acreditar no que quiserem... mas os que vêem não podem ignorar. Urda vê e diz. E que bom que seja assim. Tu que lês o que Urda vê, sabe o que ela defende. Podes discordar até. Agora, e o DC, que se diz neutro, imparcial e democrático? Ele diz que é assim, mas censura, impede a fala, demite. Em quem é melhor a gente confiar? Nos que não escondem sua parcialidade, os que sabemos muito bem o que pensam e no que acreditam ou nos que fingem imparcialidade? É, a gente sabe em quem confiar.
Pois agora é hora de a gente se solidarizar com Urda e dizer a ela que siga firme, com suas convicções, seus princípios, seu compromisso de estar com as vítimas. É de gente assim que precisamos no mundo."
(*) Jornalista
6/23/2004
terça-feira, 30 de outubro de 2007
A coletiva
Usando uma camisa vermelha com um broche-estrela no canto de um bolso, do lado esquerdo do peito, transmitia, assim, a sua ideologia político-partidária. Foi desta forma que Bráulio Wanderley se apresentou na entrevista coletiva concedida a alunos de Jornalismo da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.
Apesar de em seus trinta anos de idade, Bráulio Wanderley já acumula dezessete anos de militância esquerdista. Antes de se filiar ao PT, pertencia ao PCdoB em Jaboatão dos Guararapes. Ainda estudante, ocupou posições de liderança entre as entidades estudantis. Formou-se em História e é pós-graduado também em Geografia – ambas pela Universidade de Pernambuco - UPE. Em 2003, mudou-se para Petrolina. Atualmente é estudante de Direito e há dois anos dirige o Sindicato dos Professores de Pernambuco (SINPRO, após batalhar junto aos movimentos sindicais docente.
A entrevista coletiva surgiu como uma proposta dos jornalistas e professores da área Teresa Leonel e Giovanne Serqueira, para que os alunos da faculdade que ainda não se depararam com esse tipo de experiência, tenham uma oportunidade de trabalhar a prática jornalística. Naquela tarde de calor do dia 09 de Outubro, em Juazeiro - BA, foram discutidos diversos temas do domínio de Bráulio Wanderley, como o atual governo de Lula, os escândalos envolvendo o PT, a política regional do Vale do São Francisco, entre outros.
O ASSUNTO...
Não poderiam deixar de debater sobre a crise política em que se encontra o PT e o atual cenário da política brasileira. Este foi o assunto mais preponderante durante as quatro horas de entrevista com Bráulio Wanderley. Questionado sobre a utilização do Programa Bolsa família para fins marqueteiros e eleitorais, Wanderley assume que sim: Lula se beneficia nas épocas de campanha. O entrevistado adverte que o programa possui ação anti-educativa social, a partir do momento em que “recompensa” um lar pela quantidade de crianças na escola. “Vicia, devia ser provisória (a política pública). Está estimulando uma indústria de criança e ainda tem pessoas que colocam a criança para pedir esmola!”, alerta Wanderley. Depois dos escândalos no Governo de Lula, como pensar o novo PT? Para o entrevistado, “o PT é muito São Paulo”. Ele analisa que, com José Dirceu presidindo o partido, o PT apresentou linhas institucionais (e alianças) perigosas para a sua ideologia. E esse foi, para ele, o maior erro do PT: “Errou em cobrar a ética e passar a idéia de era detentor desses princípios. A ética é um exercício individual. Não se pode garantí-la pelo coletivo”. Por falar em ética, Wanderley foi categórico ao defender sua posição acerca das discussões sobre a imunidade parlamentar: “Pra mim não é imunidade parlamentar. É impunidade parlamentar”.
A respeito da fidelidade partidária, Wanderley afirma veemente que “um político que não é fiel às convicções do partido ao qual pertence, não merece a confiança do povo”.
MOVIMENTOS ESTUDANTIS
“Meu primeiro desafio: sair do movimento secundarista para o universitário”, lembra Wanderley . Ele destaca a diferença entre política do movimento estudantil e agremiações com extensão partidária: “A maioria segue as ideologias dos partidos, ou como simpatizantes ou como filiados. Cada qual segue uma linha política, uma orientação. Na verdade, isso vai desde o aspecto geral até o aspecto específico. Minha opinião sincera: um complicador é quando a pessoa que entra no movimento estudantil quer fazer uma extensão do partido” As relações entre as diferentes classes estudantis são abordadas conforme as próprias experiências de Wanderley , que com apenas treze anos começou na militância da esquerda socialista e nos movimentos secundaristas. O entrevistado sugere que os estudantes não devem resumir os interesses da categoria à confecção das carteirinhas de estudante, como vem acontecendo: “Isso enfraquece o movimento estudantil, que se despolitizou.” Em meio a isso, Wanderley analisa o surgimento de uma “categoria de cargos” dentro da militância, que se estende a outros movimentos.
MESSIANISMO OU PATIDARISMO?
Wanderley também analisa o cenário político de Juazeiro e Petrolina, duas cidades estratégicas da fronteira Bahia-Pernambuco. Qual o desenho para as eleições 2008?
O entrevistado argumenta que o PT deveria lançar um candidato próprio para as próximas eleições. E critica a postura do eleitorado juazeirense: “Um exemplo bem claro é Juazeiro. Ou ama ou odeia Joseph... Misael... Juazeiro faz uma campanha mais messiânica que ideológica. Não se fala de partido!” O que Wanderley explica é que o eleitor juazeirense, petrolinense, brasileiro (pois, para ele, é “um mal que a sociedade brasileira vive”) baseia a política sobre as pessoas e não sobre os projetos partidários.
Mas agora, fica a pergunta: será que ainda podemos acreditar em projetos partidários depois do que estamos presenciando?
Apesar de em seus trinta anos de idade, Bráulio Wanderley já acumula dezessete anos de militância esquerdista. Antes de se filiar ao PT, pertencia ao PCdoB em Jaboatão dos Guararapes. Ainda estudante, ocupou posições de liderança entre as entidades estudantis. Formou-se em História e é pós-graduado também em Geografia – ambas pela Universidade de Pernambuco - UPE. Em 2003, mudou-se para Petrolina. Atualmente é estudante de Direito e há dois anos dirige o Sindicato dos Professores de Pernambuco (SINPRO, após batalhar junto aos movimentos sindicais docente.
A entrevista coletiva surgiu como uma proposta dos jornalistas e professores da área Teresa Leonel e Giovanne Serqueira, para que os alunos da faculdade que ainda não se depararam com esse tipo de experiência, tenham uma oportunidade de trabalhar a prática jornalística. Naquela tarde de calor do dia 09 de Outubro, em Juazeiro - BA, foram discutidos diversos temas do domínio de Bráulio Wanderley, como o atual governo de Lula, os escândalos envolvendo o PT, a política regional do Vale do São Francisco, entre outros.
O ASSUNTO...
Não poderiam deixar de debater sobre a crise política em que se encontra o PT e o atual cenário da política brasileira. Este foi o assunto mais preponderante durante as quatro horas de entrevista com Bráulio Wanderley. Questionado sobre a utilização do Programa Bolsa família para fins marqueteiros e eleitorais, Wanderley assume que sim: Lula se beneficia nas épocas de campanha. O entrevistado adverte que o programa possui ação anti-educativa social, a partir do momento em que “recompensa” um lar pela quantidade de crianças na escola. “Vicia, devia ser provisória (a política pública). Está estimulando uma indústria de criança e ainda tem pessoas que colocam a criança para pedir esmola!”, alerta Wanderley. Depois dos escândalos no Governo de Lula, como pensar o novo PT? Para o entrevistado, “o PT é muito São Paulo”. Ele analisa que, com José Dirceu presidindo o partido, o PT apresentou linhas institucionais (e alianças) perigosas para a sua ideologia. E esse foi, para ele, o maior erro do PT: “Errou em cobrar a ética e passar a idéia de era detentor desses princípios. A ética é um exercício individual. Não se pode garantí-la pelo coletivo”. Por falar em ética, Wanderley foi categórico ao defender sua posição acerca das discussões sobre a imunidade parlamentar: “Pra mim não é imunidade parlamentar. É impunidade parlamentar”.
A respeito da fidelidade partidária, Wanderley afirma veemente que “um político que não é fiel às convicções do partido ao qual pertence, não merece a confiança do povo”.
MOVIMENTOS ESTUDANTIS
“Meu primeiro desafio: sair do movimento secundarista para o universitário”, lembra Wanderley . Ele destaca a diferença entre política do movimento estudantil e agremiações com extensão partidária: “A maioria segue as ideologias dos partidos, ou como simpatizantes ou como filiados. Cada qual segue uma linha política, uma orientação. Na verdade, isso vai desde o aspecto geral até o aspecto específico. Minha opinião sincera: um complicador é quando a pessoa que entra no movimento estudantil quer fazer uma extensão do partido” As relações entre as diferentes classes estudantis são abordadas conforme as próprias experiências de Wanderley , que com apenas treze anos começou na militância da esquerda socialista e nos movimentos secundaristas. O entrevistado sugere que os estudantes não devem resumir os interesses da categoria à confecção das carteirinhas de estudante, como vem acontecendo: “Isso enfraquece o movimento estudantil, que se despolitizou.” Em meio a isso, Wanderley analisa o surgimento de uma “categoria de cargos” dentro da militância, que se estende a outros movimentos.
MESSIANISMO OU PATIDARISMO?
Wanderley também analisa o cenário político de Juazeiro e Petrolina, duas cidades estratégicas da fronteira Bahia-Pernambuco. Qual o desenho para as eleições 2008?
O entrevistado argumenta que o PT deveria lançar um candidato próprio para as próximas eleições. E critica a postura do eleitorado juazeirense: “Um exemplo bem claro é Juazeiro. Ou ama ou odeia Joseph... Misael... Juazeiro faz uma campanha mais messiânica que ideológica. Não se fala de partido!” O que Wanderley explica é que o eleitor juazeirense, petrolinense, brasileiro (pois, para ele, é “um mal que a sociedade brasileira vive”) baseia a política sobre as pessoas e não sobre os projetos partidários.
Mas agora, fica a pergunta: será que ainda podemos acreditar em projetos partidários depois do que estamos presenciando?
sábado, 13 de outubro de 2007
Sociedade da Informação X Sociedade na Informação
As formas de interação na nossa sociedade que desempenham o papel de conectar, de interligar, de aproximar diferentes situações já estavam sendo desenvolvidas por inúmeros meios, como o fax, a carta, o telefone, contatos diversos. Um cenário que, de acordo com o doutorando em Ciências da Comunicação Juciano Lacerda, pode ser incrementado pela democratização digital no nosso contexto de rápida evolução tecnológica. Isto não se refere especificamente à “democratização digital” tão comentada aqui no Brasil, a alusão diz respeito às redes de solidariedade digital que antecederam até mesmo o formato atual das redes digitais, no campo de vários setores da organização social – parcela importante das organizações não-governamentais já se articulava em rede antes mesmo da popularização desta, por exemplo.
Um modo de interagir, mediar, provocar mudanças nas relações entre os indivíduos é o que caracterizaria as redes de solidariedade digital. Também uma nova maneira de pensar e atuar no ciberespaço, gerando contribuições de uso social e “uma redefinição dos modos de comunicação já culturalmente estabelecidos na rede”, como define Lacerda. Mas será que fazemos parte de uma geração preparada a assumir outra postura na web? O cenário é negativo... A internet se constituiu como reforço do mercado capitalista, das fusões entre corporações da mídia de massa, ao passo que também serve para veicular informações de ideologias populares. Onde encontrar o alicerce dessa balança? O jornalismo pode ser uma opção. No balanço entre as visões mercadológica e social da convergência midiática e da comunicação digital (que inclui a atividade jornalística), o elemento transformador poderá ser o próprio jornalismo, com foco nas contribuições de uso social.
As novas tecnologias da informação e as contribuições da América Latina para a emergência da Sociedade da Informação são temas de estudo do conceituado pesquisador Lacerda, que ressalta “a relação entre os usos econômicos e sociais das tecnologias, seus desequilíbrios e tensões”. Prova da contradição é a inversão de valores, já observada pelo estudioso Jesús Martín-Barbero, citado por Lacerda: a sociedade de mercado é posta como requisito de entrada à Sociedade da Informação, de maneira que a racionalidade da modernização neoliberal substitui os projetos de emancipação social pelas lógicas de uma competitividade cujas regras já não são postas pelo Estado, mas pelo mercado, convertido em princípio organizador da sociedade em seu conjunto. É insensato, mas está funcionando desta forma. Uma família de baixa renda em qualquer canto do Brasil, que mal tem como se alimentar dignamente (sem falar da educação, do trabalho, da moradia,...), está a léguas de distância em usufruir a tecnologia digital. O nosso país privilegia o acesso individual (indo na direção dos grandes provedores de conteúdo que conhecemos bem), apresentando mais um atraso. E ainda se gaba pela condição de possuir o maior crescimento de internautas do continente! Como ter orgulho de uma cultura de universalização da informática atrasada em termos de cidadania? Menos de 18% da população brasileira teria acesso à internet, de acordo com o consórcio IBGE/Fundação Getúlio Vargas de 2005. Isso representa, em números, 147.396.185 excluídos. Neste final de 2007, esses números se alteraram, mas continua expressiva a grande exclusão digital no Brasil.
Saindo do individual para o coletivo, poderiam ser adotadas políticas públicas para experiências coletivas. É isso mesmo, não tem como estimular a aquisição de um computador individual num lar que se mantém com um salário mínimo. Por isso as lan houses caíram no gosto popular do brasileiro, apesar de cobrarem em média dois reais por uma hora de acesso à rede. O nosso vizinho Peru dá o exemplo dos Telecentros ou Cabinas Públicas de acesso à internet, onde a maioria dos usuários se conectam à rede desta forma, por um valor bem mais baixo do que existe aqui com as lan houses – em muitos lugares esse acesso é gratuito. Na Bolívia também é assim, com as empresas populares de internet. Poderíamos trabalhar com parcerias entre associações, ONGs, empresas com responsabilidade social, como acontece no Peru. Lá, outro exemplo de luta pela democratização e o direito à informação foi a experiência da Coordenadoria Nacional de Rádios (CNR) na luta contra a ditadura de Alberto Fujimori. A CNR utilizou a internet para instigar o povo a reagir, se mobilizar. Todos os dias eram colocados na rede notícias, comentários, entrevistas, informação livre, articulando lideranças e pessoas por meio da comunicação digital, com ampla repercussão. Sem dúvida, um jornalismo comprometido com seu verdadeiro papel de mostrar a verdade e fortalecer as estruturas sociais.
A idéia de Sociedade da Informação sempre foi tida como condutor para a globalização da sociedade pelo neoliberalismo. A grande ironia se encontra nesta questão, pois “naquilo que o liberalismo se apropriou e tornou a bandeira número um de seu modelo de modernização” é hoje um meio de manifestar a oposição ao mesmo neoliberalismo, intensificada pelas novas tecnologias de comunicação e informação digitais. Uma campanha intitulada CRIS (Communication Rights in the Information Society) – direito à comunicação na sociedade da informação – vai além das questões de infra-estrutura, visa a valorização dos direitos humanos, propõe práticas comunicacionais latino-americanas de acesso, capacitação para o uso, educação. Esse é o foco do problema, pois, conforme análise de Lacerda, “há pessoas ou grupos excluídos que - por mais esforços que haja por políticas públicas de acesso às tecnologias digitais de comunicação – jamais seriam capazes de aprender, de se apropriar dessas tecnologias.” O estímulo ao acesso à tecnologia (que produz oportunidade comum a todos) deve coexistir com ações de cidadania que possibilitem a apropriação transformadora desses meios, saber o que fazer com o que se aprendeu, promover diversidade de conteúdos, produção de conhecimento.
É explícita a necessidade de um projeto de comunicação que priorize as apropriações sociais na tecnologia digital - que não se limita à internet, mas envolve a TV, o rádio, o cinema e qualquer outro meio que possa convergir para a digitalização. Mas aí já são outros debates... A “sociedade da informação” tem que redefinir suas formas de comunicação já estabelecidas nas redes a fim de que se sua real função seja potencializada e enriquecida com o uso de toda a comunidade, passando a ser uma “sociedade na informação”.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LACERDA, Juciano de Sousa. A comunicação digital e os desequilíbrios e esperanças em torno da definição de uma Sociedade da Informação: experiência latino-americana. http://www.bocc.ubi.pt/pag/lacerda-juciano-comunicacao-digital.pdf
Um modo de interagir, mediar, provocar mudanças nas relações entre os indivíduos é o que caracterizaria as redes de solidariedade digital. Também uma nova maneira de pensar e atuar no ciberespaço, gerando contribuições de uso social e “uma redefinição dos modos de comunicação já culturalmente estabelecidos na rede”, como define Lacerda. Mas será que fazemos parte de uma geração preparada a assumir outra postura na web? O cenário é negativo... A internet se constituiu como reforço do mercado capitalista, das fusões entre corporações da mídia de massa, ao passo que também serve para veicular informações de ideologias populares. Onde encontrar o alicerce dessa balança? O jornalismo pode ser uma opção. No balanço entre as visões mercadológica e social da convergência midiática e da comunicação digital (que inclui a atividade jornalística), o elemento transformador poderá ser o próprio jornalismo, com foco nas contribuições de uso social.
As novas tecnologias da informação e as contribuições da América Latina para a emergência da Sociedade da Informação são temas de estudo do conceituado pesquisador Lacerda, que ressalta “a relação entre os usos econômicos e sociais das tecnologias, seus desequilíbrios e tensões”. Prova da contradição é a inversão de valores, já observada pelo estudioso Jesús Martín-Barbero, citado por Lacerda: a sociedade de mercado é posta como requisito de entrada à Sociedade da Informação, de maneira que a racionalidade da modernização neoliberal substitui os projetos de emancipação social pelas lógicas de uma competitividade cujas regras já não são postas pelo Estado, mas pelo mercado, convertido em princípio organizador da sociedade em seu conjunto. É insensato, mas está funcionando desta forma. Uma família de baixa renda em qualquer canto do Brasil, que mal tem como se alimentar dignamente (sem falar da educação, do trabalho, da moradia,...), está a léguas de distância em usufruir a tecnologia digital. O nosso país privilegia o acesso individual (indo na direção dos grandes provedores de conteúdo que conhecemos bem), apresentando mais um atraso. E ainda se gaba pela condição de possuir o maior crescimento de internautas do continente! Como ter orgulho de uma cultura de universalização da informática atrasada em termos de cidadania? Menos de 18% da população brasileira teria acesso à internet, de acordo com o consórcio IBGE/Fundação Getúlio Vargas de 2005. Isso representa, em números, 147.396.185 excluídos. Neste final de 2007, esses números se alteraram, mas continua expressiva a grande exclusão digital no Brasil.
Saindo do individual para o coletivo, poderiam ser adotadas políticas públicas para experiências coletivas. É isso mesmo, não tem como estimular a aquisição de um computador individual num lar que se mantém com um salário mínimo. Por isso as lan houses caíram no gosto popular do brasileiro, apesar de cobrarem em média dois reais por uma hora de acesso à rede. O nosso vizinho Peru dá o exemplo dos Telecentros ou Cabinas Públicas de acesso à internet, onde a maioria dos usuários se conectam à rede desta forma, por um valor bem mais baixo do que existe aqui com as lan houses – em muitos lugares esse acesso é gratuito. Na Bolívia também é assim, com as empresas populares de internet. Poderíamos trabalhar com parcerias entre associações, ONGs, empresas com responsabilidade social, como acontece no Peru. Lá, outro exemplo de luta pela democratização e o direito à informação foi a experiência da Coordenadoria Nacional de Rádios (CNR) na luta contra a ditadura de Alberto Fujimori. A CNR utilizou a internet para instigar o povo a reagir, se mobilizar. Todos os dias eram colocados na rede notícias, comentários, entrevistas, informação livre, articulando lideranças e pessoas por meio da comunicação digital, com ampla repercussão. Sem dúvida, um jornalismo comprometido com seu verdadeiro papel de mostrar a verdade e fortalecer as estruturas sociais.
A idéia de Sociedade da Informação sempre foi tida como condutor para a globalização da sociedade pelo neoliberalismo. A grande ironia se encontra nesta questão, pois “naquilo que o liberalismo se apropriou e tornou a bandeira número um de seu modelo de modernização” é hoje um meio de manifestar a oposição ao mesmo neoliberalismo, intensificada pelas novas tecnologias de comunicação e informação digitais. Uma campanha intitulada CRIS (Communication Rights in the Information Society) – direito à comunicação na sociedade da informação – vai além das questões de infra-estrutura, visa a valorização dos direitos humanos, propõe práticas comunicacionais latino-americanas de acesso, capacitação para o uso, educação. Esse é o foco do problema, pois, conforme análise de Lacerda, “há pessoas ou grupos excluídos que - por mais esforços que haja por políticas públicas de acesso às tecnologias digitais de comunicação – jamais seriam capazes de aprender, de se apropriar dessas tecnologias.” O estímulo ao acesso à tecnologia (que produz oportunidade comum a todos) deve coexistir com ações de cidadania que possibilitem a apropriação transformadora desses meios, saber o que fazer com o que se aprendeu, promover diversidade de conteúdos, produção de conhecimento.
É explícita a necessidade de um projeto de comunicação que priorize as apropriações sociais na tecnologia digital - que não se limita à internet, mas envolve a TV, o rádio, o cinema e qualquer outro meio que possa convergir para a digitalização. Mas aí já são outros debates... A “sociedade da informação” tem que redefinir suas formas de comunicação já estabelecidas nas redes a fim de que se sua real função seja potencializada e enriquecida com o uso de toda a comunidade, passando a ser uma “sociedade na informação”.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
O novo papel do jornalista
Definitivamente, a internet revolucionou o nosso mundo. As formas de comunicação, a economia, as empresas, praticamente tudo sofreu mudanças. E com o jornalismo não foi diferente. Segundo a pesquisadora Inês Aroso, a internet não só está a criar novas formas de jornalismo, mas também de jornalistas. As alterações no papel do profissional da informação são muitas: a função de interpretar os fatos deverá ser mais lapidada, terá que ser além de um mero contador de histórias, pois possuirá novas atribuições, vai se tornar peça fundamental na ligação entre as comunidades... Mas a principal diferença aponta para uma especialidade em multimeios.
As novas competências dos jornalistas já são apresentadas nas recentes formações dos profissionais. Produção digital em áudio e vídeo, programação e ferramentas de internet, webjornalismo ou jornalismo online, como preferir. No entanto, as novas aptidões precisam ser trabalhadas com as tradicionais. Mais que isso. Agora os jornalistas necessitam de uma apuração mais astuta diante de tantas fontes e informações gratuitas, precisam de um senso de moral, de ética, mais do nunca. A atividade jornalística não deve contrapor, mas compor as competências profissional e tecnológica. As velhas técnicas de entrevista, de escrita, de pesquisa e compreensão dos fatos vão continuar imperando, mas com o domínio tecnológico impostos pelos novos tempos.
O jornalista não será profissional de um único meio de comunicação. E essa tarefa vai permitir sua sobrevivência. Hoje em dia “todo mundo” quer atuar como uma “espécie de jornalista” – veiculam fatos e informações na rede, publicam fotos, interpretam acontecimentos. A atual especialização do jornalista também abre a possibilidade de trabalhar desta forma. Mas o que difere o verdadeiro jornalista dessas pessoas é o profissionalismo, a criticidade, a capacidade de distinção dos fatos, os princípios éticos, o conhecimento adquirido. O jornalista é o profissional habilitado a nos informar, assim como o médico está habilitado a cuidar da nossa saúde e o advogado está apto a tratar das leis. Simples assim? Nem tanto... Muitos não reconhecem o valor desse profissional que possui toda uma preparação por trás do mito.
O jornalista pode até perder o monopólio informativo com a descentralização da informação, mas ganhou em credibilidade, fator primordial. Como ressaltou Inês Aroso, a vantagem competitiva por excelência será a distinta capacidade de refinar informação. Desta forma o jornalista aprimorará sua função de mediador, de gatekeeper, selecionando e trabalhando a notícia num ambiente onde “aspirantes a jornalistas” não dispõem de capacidade, tempo e formação suficiente para a análise necessária da informação. A autora ainda cita Doug Millison, professor californiano de jornalismo que prevê a perenidade da atividade jornalística nesse contexto: “Uma edição e filtragem de informação de confiança e com qualidade torna-se ainda mais importante na Internet, onde qualquer pessoa pode publicar qualquer coisa e fazer com que pareça importante.” A revalorização da mediação e consequentemente do jornalista, com o advento do mundo virtual, é tão inevitável quanto o próprio avanço tecnológico na nossa contemporaneidade.
As novas competências dos jornalistas já são apresentadas nas recentes formações dos profissionais. Produção digital em áudio e vídeo, programação e ferramentas de internet, webjornalismo ou jornalismo online, como preferir. No entanto, as novas aptidões precisam ser trabalhadas com as tradicionais. Mais que isso. Agora os jornalistas necessitam de uma apuração mais astuta diante de tantas fontes e informações gratuitas, precisam de um senso de moral, de ética, mais do nunca. A atividade jornalística não deve contrapor, mas compor as competências profissional e tecnológica. As velhas técnicas de entrevista, de escrita, de pesquisa e compreensão dos fatos vão continuar imperando, mas com o domínio tecnológico impostos pelos novos tempos.
O jornalista não será profissional de um único meio de comunicação. E essa tarefa vai permitir sua sobrevivência. Hoje em dia “todo mundo” quer atuar como uma “espécie de jornalista” – veiculam fatos e informações na rede, publicam fotos, interpretam acontecimentos. A atual especialização do jornalista também abre a possibilidade de trabalhar desta forma. Mas o que difere o verdadeiro jornalista dessas pessoas é o profissionalismo, a criticidade, a capacidade de distinção dos fatos, os princípios éticos, o conhecimento adquirido. O jornalista é o profissional habilitado a nos informar, assim como o médico está habilitado a cuidar da nossa saúde e o advogado está apto a tratar das leis. Simples assim? Nem tanto... Muitos não reconhecem o valor desse profissional que possui toda uma preparação por trás do mito.
O jornalista pode até perder o monopólio informativo com a descentralização da informação, mas ganhou em credibilidade, fator primordial. Como ressaltou Inês Aroso, a vantagem competitiva por excelência será a distinta capacidade de refinar informação. Desta forma o jornalista aprimorará sua função de mediador, de gatekeeper, selecionando e trabalhando a notícia num ambiente onde “aspirantes a jornalistas” não dispõem de capacidade, tempo e formação suficiente para a análise necessária da informação. A autora ainda cita Doug Millison, professor californiano de jornalismo que prevê a perenidade da atividade jornalística nesse contexto: “Uma edição e filtragem de informação de confiança e com qualidade torna-se ainda mais importante na Internet, onde qualquer pessoa pode publicar qualquer coisa e fazer com que pareça importante.” A revalorização da mediação e consequentemente do jornalista, com o advento do mundo virtual, é tão inevitável quanto o próprio avanço tecnológico na nossa contemporaneidade.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
AROSO, Inês Mendes Moreira. “A Internet e o Novo Papel do Jornalista”. In: Labcom - Laboratório de Comunicação e Conteúdos On-line, Covilhã, 2003 [online] (http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=aroso-ines-internet-jornalista.html)
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